Os Religiosos defendem que o chefe de Estado agiu com desprezo pela vida dos cidadãos brasileiros, retirando-lhes o direito à saúde.
Líderes religiosos entraram hoje com um pedido de impeachment contra o Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por negligência no combate à covid-19, num documento assinado por 380 pessoas, entre as quais bispos e pastores.
O pedido foi entregue nesta terça-feira (26/1) à Câmara dos Deputados, que deverá analisar esta e as outras 61 solicitações já apresentadas.
Entre os signatários do documento estão bispos, padres católicos, anglicanos, luteranos, metodistas e também pastores. O pedido tem apoio do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil, da Comissão Brasileira Justiça e Paz da Confederação Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) e da Aliança de Batistas do Brasil.
O bispo primaz da Igreja Anglicana do Brasil, Naudal Alves Gomes, a presidente da Aliança de Batistas do Brasil, Nívia Souza Dias, e os teólogos Lusmarina Campos Garcia, Leonardo Boff e Frei Betto fazem parte da lista de cidadãos que pedem a saída de Bolsonaro da Presidência.
Os religiosos defendem que o chefe de Estado agiu com desprezo pela vida dos cidadãos brasileiros, retirando-lhes o direito à saúde. Os signatário alegam que Bolsonaro infringiu assim diversos artigos da Constituição Federal.
"Uma parcela da igreja deu um apoio acrítico e incondicional ao Bolsonaro independentemente do discurso que ele defendia. Queremos mostrar que a fé cristã precisa ser resgatada e que a igreja não é um bloco monolítico", disse à imprensa o teólogo Tiago Santos, um dos autores do pedido de destituição.
"A motivação principal deste pedido está relacionada à ausência total de iniciativas da parte do Governo para diminuir e conter os impactos da pandemia de Covid-19. O caos em Manaus é o sufoco do país inteiro, que neste momento tem população abandonada porque temos um Governo que nega o direito à vida", defendeu por sua vez a pastora e representante do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, Romi Márcia Bencke.
Enquanto candidato presidencial, em 2018, Jair Bolsonaro teve como uma das suas principais bases de apoio entidades cristãs, principalmente evangélicas.
Contudo, desde que assumiu o mandato, o chefe de Estado e líderes religiosos foram divergindo em alguns pontos-chave da sua gestão, como a discussão sobre a posse e porte de armas de fogo no país.
"Temos a consciência de que nem todas as pessoas das nossas igrejas são favoráveis a este ato que estamos fazendo [pedido de impeachment], mas é importante destacar essa pluralidade e as contradições que existem no âmbito do Cristianismo. Nem todo Cristião é bolsonarista", acrescentou a pastora Romi Márcia Bencke.
Bolsonaro tem sido alvo de vários pedidos de impeachment desde o início do seu mandato, em 2019. Até ao momento, foram apresentados mais de 60 pedidos contra o Presidente, segundo a Câmara dos Deputados, instituição que deverá analisar essas solicitações.
Fonte: Notícias ao Minuto.