A crônica do meu sentimento
OS SEIS
Na parede da casa fechada, tá lá o retrato da família.
Dos 6 da foto antiga, só restam 3 vivos.
A mãe morreu aos 83 anos, todos os dias ela perguntava pelo o filho mais velho, que já havia morrido a 3 anos.
O pai, tá com quase 90 anos, conhece só os dois filhos que ainda estão vivos.
Raimundo tá em São Paulo, nunca mais veio contar suas façanhas nas noites de lua.
Constância sofre de amnésia, ficam em silêncio o tempo todo.
Juvenal o da esquerda, casou, teve 3 filhos, ficou viúvo morreu há 2 meses.
Olhando para o retrato amarelado pelo o corre corre da vida, nos dá saudade, lágrimas e choro. Nós 6, que tempo bom.
Às noites eram longas e os dias curtos.
Que Café forte! Que bolacha tão doce, e o candeeiro quase apagado, mas dava pra contar os 6 da foto, e apontando o dedo dizer nome por nome.
De manhã no curral, o leite bem quentinho, lá vêm o pãozeiro, que festa tão boa... e tudo ficou registrado naquele retrato.
Às pescarias quase não se tinham peixes, mas, a festa valia à pena.
Hoje são 6 no retrato, que sabe, que os 6 nunca mais existirão.
Não é notícia de jornal, más é algo muito importante, são fatos e fotos, de uma família, que agora está junta só no retrato.
Se é que vocês me entendem.