A crônica do meu sentimento
QUANTAS SAUDADES
Nasci no sítio Gavião, perto da casa da saudade. Ali o café era forte e bem preto. A açucareira ficava sobre a mesa, mas ninguém a usava, todos gostavam do café amargo.
No relógio de parede, o tempo corria. E do café amargo, da mesa grande, da açucareira e do próprio relógio, só restou uma fotografia em preto e branco. Nessa mesma fotografia, vejo o rosto do leiteiro, a vaca de nome casaca-de-couro e o cachorro Liá. Minha mãe e meus avós morreram, deixaram-me de herança a saudade, e às vidas que nunca morrem.
Outubro de 1974, de lá pra cá, no sítio Gavião, naquela casa amarela, ainda sinto cheiro do mato e do café preto e amargo.
Se é que vocês me entendem.