quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

CRÔNICA DE MÁRIO SANTOS.


NA RUA 26 DE MARÇO...

A casa ainda não tem número. Mas os gatos já sabem o endereço de cor. 
O carro do ovo; o carro do algodão doce; o carro da pamonha passam o dia inteiro, desfilando em frente de nossa casa. 
Seu Anastácio, homem velho e magro, senta-se na calçada, acende um cigarro e cochila.
À noite, os meninos correm na rua, brincam de esconde-esconde... fazem barulho um barulho de saudade.
Os rapazes e as mocinhas, esquecem as vogais e as consoantes; o ditado de palavras é minúsculo, ou quase inexistente.
Rua 26 de Março, onde as luzes dos postes são pontos de encontro de dos sapos cantores, dos besouros astronautas e dos vagalumes revolucionários.
Rua 26 de Março, onde os ratos escrevem cartas românticas e publicam nas constelas do cachorro vira-latas.
Nessa rua temos: padaria, farmácia, posto de saúde, supermercado e 2 ou 3 escritores anônimos.
O leiteiro logo cedinho, cruza a rua 26 de Março e vai até a padaria levar o leite.
Se tivéssemos uma biblioteca, e se as nossas casas fossem todas feitas de leitores, o golo de campina de seu Roberto cantaria em português. Deus nos deu alegria de, no final da tarde, poder tomar um café na rua 26 de março, olhando para o azul do céu do Sítio Gavião.
Se é que vocês me entendem!!!

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