segunda-feira, 22 de maio de 2023

CRÔNICA DE MÁRIO SANTOS

A crônica do meu sentimento

QUE SAUDADE
Longe das luzes da cidade, o fogo de lenha aceso, o candeeiro quase se apagando. O café bem escuro, forte. Comemos um peixe na farinha.
A noite sem lua, só os vagalumes rasgando a negritude, no radinho de pilhas, o Show de Cládio Amaral na rádio Sociedade da Bahia. 
Deitado em uma rede, o cigarro de palha servia de companhia.
Quase não se tinha notícias de crime de morte e roubos, então andava sem medo.
Os conhecidos, se falavam, chupavam laranja no meio da feira. 
Como tudo era bom e simples, não havia tanga desarrumação na vida dos homens e mulheres.
Quando comprei o meu primeiro par de sapatos, eu já tinha quase 11 anos, foi um dia feliz.
Minha mãe chorou de alegria quando aprendi às primeiras vogais.
Que saudade tão feroz, que tempo inesquecível.
Se é que vocês me entendem.


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