A cena é de arrepiar, o silêncio, que um domingo sem futebol impôs ao Severiano Gomes.
Três ou quatro meninos que correm atrás de uma bola, e só, mas, talvez esses garotos, deem ao estádio Severiano Gomes a esperança de dias, onde às multidões rasguem a posologia funesta do silêncio. A psicanalise ou contos de Alfred Hichkov, não explicam a filosofia depressiva do Estádio Severiano Gomes sem futebol. Ali o mais humilde dos mortais, quando se têm jogo, ganha nome, endereço e telefone fixo. Os ibirajubenses em dias de futebol, amam e se amam... passeiam nas margens do açude, fazem ópera nas sobras dos eucaliptos. Deus é nossa testemunha, preferimos o Futebol do que às parábolas do pãozeiro, ou o Rock rol de Elvis Presley. Um domingo sem os berros da torcida, é algo espiritualmente demoníaco. Passa um avião rasgando o céu de Ibirajuba, coisa sem graça. Eu quero é ver o torcedor chupando laranja, dando gargalhadas, rindo, chorando ou vice-versa. Mas que haja futebol no Severiano Gomes. Cantai, cantai pardais nas capelas, avisai que no máximo domingo, às missas e os cultos religiosos serão mais cedo, porque a tarde até o próprio Deus estará no Severiano Gomes assistindo o futebol. E quando a bola correr, todos nós daremos um berro em flor.
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