No campinho de Várzea, moleque pretinho do
morro, joga com os pés no chão. Ele é matador de aulas, e cheio de palavrão.
Mas na pelada é o cão. Drible pra lá, drible pra cá, pretinho ligeiro, chuta
forte, e bem antes do jogo, já vencera o preconceito. No terreno baldio próximo
do lixão, é o lugar do tal campinho. Às barras são de pedras, e o urubu,
vira-latas e ratazanas, passam a semana na arquibancada. Mas no domingo, dia de
Nosso Senhor, menino pretinho, que outrora era visto, só como o Anticristo de
boca suja, vêm e dar um show. Nesse maldito preconceito de cor, há o jogo
desigual. Cortinas de fogo, que o pobre menino vencera, marcando um gol de
letra, na escola da vida. O vencido, vencendo os vencedores. Dando uma goleada
na miséria. Arrombando às redes dos adversários, que um dia o ignoraram.
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